12 de jan. de 2016

Hora de dizer bye bye Blog

Bom dia meus queridos amigos! Hoje a escrita terá um gostinho de recordações e nostalgia, mas também terá algumas percepções iniciais desse retorno ao Brasil. Como venho frisando em vários posts, o tempo passou depressa e os acontecimentos foram intensos e marcantes.

Para recordar...

A nossa chegada no Canadá foi repleta de aventuras - a começar pelo embarque que só  aconteceu porque Deus quis. Logo na chegada a neve nos recebeu com toda sua beleza e frieza. Dois dias depois a construção em frente ao hotel pegou fogo e nós ficamos impossibilitados de acessar nossas coisas. Fomos acolhidos por amigos abençoados e lá permanecemos por uma semana, somente com as roupas do corpo e algumas peças que compramos para essa emergência. Após uma semana desse incidente, nossas malas foram deixadas na neve e nós conseguimos reaver nossos pertences todos. Na verdade, quase todos... Ficaram esquecidos no banheiro do hotel os seguintes itens: pomada Bpantol, vitamina A e vitamina E. itens esses que compõem a receita de pele bela do Senhor Ivo Pitangui.... Buaaa






Depois disso ainda ficamos mais uma semana no hotel e estranhamos muito a falta de pão francês, presunto  e queijo no café da manhã. Também não aguentávamos mais almoçar e jantar no Tim Hortons e Dennys (sim, são deliciosos, mas não diariamente). Ansiávamos por arroz  e feijão. No dia 31 de dezembro mudamos para o nosso apartamento e Marcos preparou até um porquinho assado. 

O novo ano chegou e com ele as expectativas de uma vida nova no Canadá. Na primeira semana de janeiro iniciaram as minhas aulas na Limestone. No primeiro dia experimentei a sensação de uma criança que ingressa na Pré escola. Desci do carro tremendo e com dor de barriga. Ao chegar na sala fui acolhida pela minha querida professora Carol, um ser abençoado que Deus colocou no meu caminho para me fazer encantar pela língua inglesa. Ela realmente me acolheu e envolveu. O aprendizado tornou-se leve e divertido. Foi tão produtivo que em menos de dois meses avancei de nível...

Na sala da profa Tiffany a acolhida também foi maravilhosa. Além de ter ideias criativas para conduzir as aulas, ela sempre demonstrou interesse pelas causas dos imigrantes, sobretudo os refugiados e aqueles que buscam uma vida melhor no Canadá. Essa turma cresceu bastante e um tempinho depois fiz teste e fui transferida para a turma da profa Kat. 

Kat sempre foi muito animada e hiperativa. Ela tinha sempre muitas atividades diversificadas, tais como jogos, filmes, Journal, músicas. Cada dia uma novidade! Nessa turma fiquei até o baby nascer, aliás as dores iniciaram quando eu estava em sala de aula.





Falando em baby, a gravidez foi um elemento surpresa dessa mudança! Não esperava, queria ou imaginava ter outro filho 19 anos depois... A descoberta da gravidez foi comemorada por todos. Os meses de preparação foram intensos e permeados de muito carinho e cuidados.

A chegada do Matheus foi tensa, mas fomos acarinhados por muitos e podemos sentir a mão de Deus nos cuidando nos pequenos detalhes. Sim, os dias de sofrimento pareciam intermináveis, cada ida ao hospital foi uma tortura, os diagnósticos foram devastadores, as incertezas assombravam nossos dias, mas Deus não nos desamparou e seguimos na luta.




















O ano de 2015 passou tão rapidamente que quando nos demos conta já era julho e começávamos a levantar acampamento. Em dezembro a casa estava parecendo um grande depósito de móveis e quinquilharias. E olha que após ver o container com tanto espaço vazio me arrependi de não ter comprado mais... kkk

Em dezembro ainda viajamos para a Flórida e realizamos o sonho de conhecer alguns parques da Disney! Uma experiência fantástica, a qual todos deveriam ter um dia! A volta para casa foi uma corrida maluca para organizar tudo e entregar o apartamento, tanto que a virada do ano foi de faxina e preparação das malas... Ufa!!!






No primeiro dia do ano estávamos no mesmo hotel que nos abrigou na chegada (não o do fogo, o segundo). Dessa vez as coisas pareciam tão mais naturais. O idioma não era mais um problema, a neve não despencava lá fora (aliás, não pude nem fotografar com meu Olaf porque ela não apareceu).

Finalmente o dia 7 de janeiro chegou! Malas prontas, banho tomado, coração apertado e a certeza do dever cumprido se fizeram presentes. Embora a saudade de casa, dos amigos, dos sabores do Brasil fossem tão acentuados, a dor da despedida machucou bastante. Deixar para trás amigos queridos, experiências lindas, vivências em um país de primeiro mundo não foi nada fácil...


A viagem...

Viajar tantas horas com um bebê não me soava tranquilizador. Sofri por antecedência e até comprei Gravol na expectativa de precisar acalmar o Matheus. Contudo, surpreendentemente, ele se comportou como um Lord! Parece que esse baby nasceu para voar. Até então, achava que ele tivesse nascido para nadar... Veremos!

A viagem de Kingston para Toronto foi no teco teco. Matheus estava dormindo durante a espera e acordou já dentro da aeronave (não, não dá para chamar aquele pássaro com asas de aeronave). Despertou e permaneceu quietinho por alguns instantes. Logo depois começou a pular e brincar como se estivesse na sala de casa. O avião pousou em TO e esperamos um tempinho até o que nos conduziria de volta para casa... No boing nosso baby também brincou muito, pulou e conversou animadamente. Logo após a decolagem ele mamou, se aninhou e dormiu. Por volta das 4 da manhã acordou, mamou  e brincou mais um pouco. Depois disso fui andar com ele porque eu não aguentava mais ficar sentada observando na tela a rota do avião... Andamos e por volta das 6 horas ele adormeceu novamente. 


A chegada em SP foi loucura, pois tínhamos que resgatar as bagagens e correr para o terminal 2 a fim de pegarmos o voo até Brasília. Graças a Deus nenhum extravio de malas ocorreu. Contamos com a ajuda de um carregador para transportar os 3 carrinhos abarrotados de bugigangas da Família Buscapé. Em Brasília contamos com o apoio de novos amigos (pois os velhos estavam viajando de férias) para o transporte das bagagens até o hotel. Até um delicioso bolo ganhamos. 



As primeiras percepções daqui...

Gente, no caminho do aeroporto até o HT eu fiquei calada e só observando a paisagem! A tarde aproveitamos para dar umas voltas e conhecer a cidade. Confesso que até certo momento eu fiquei chocada. Só via grandes áreas verdes e muitas árvores. Eu me perguntava: cadê os prédios da capital do país? Pois bem, depois de tanto rodar eis que avistei alguns no horizonte. 

Já sabia das grandes avenidas que cortam a capital, eixos, quadras, tesourinhas e tudo mais, porém, não imaginava que Brasília contasse com canteiros largos e arborizados. Inicialmente tudo pareceu muito distante, mas isso se deve a esses imensos canteiros e espaços verdes. Nos demais passeios já consegui entender um pouquinho. É óbvio que ainda necessitarei de GPS para me localizar por aqui!

A primeira ida ao supermercado foi e não foi impactante. Quando fomos para o Canadá não tínhamos bebê e eu nem olhava os produtos dessa seção, logo, não sabia os preços e fiquei espantada porque, se comparados ao Canadá, estão caros demais. Quanto aos demais produtos, percebi aumentos, mas também observei que muitos estão com os mesmos valores de quando fomos. Além disso, há inúmeras promoções. 

Esse retorno não será tão fácil para mim, pois encarei o Canadá como um período de férias e aprendizado, mas voltar para casa e continuar sendo dona de casa não é algo que me agrada ou alegra. Ontem fui andar na vila militar perto do local em que estamos hospedados e fiquei com medo do meu futuro aqui... Em Campo Grande tinha minha vida, independência, trabalho, carro. Aqui será um recomeço. Minha prioridade está no bem estar do Matheus, mas sei que não será fácil viver apenas para isso num primeiro momento. Peço a Deus que me dê entendimento!

Que nunca nos falte poesia! A praça Cora Coralina eu já encontrei...

Pés no chão

Gente linda, é isso! Morar no Canadá foi uma experiência incrível e proveitosa. Aprender um novo idioma, fazer novos amigos, imergir numa cultura diferente, conhecer pessoas de países e hábitos  distintos, suportar o frio, apurar o paladar, viajar muito, comprar bastante, rir e chorar foram parte dessa aventura de dois anos. 


Saudades de tudo isso!



















Essa é a última postagem do blog Neidinha no Canadá! Quem sabe me animo e crio algum outro para compartilhar o dia a dia por aqui. Veremos! 

Foi maravilhoso ter esse espaço. Muitas vezes usei para extravasar sentimentos, outras para comparar, fazer ir ou chorar. Talvez uma tentativa inconsciente de continuar escrevendo mesmo quando a produção de artigos da pós graduação não se  fazia necessária... 

Amigos leitores, fiquem com Deus! Nos vemos por aí! 

No fim dessa semana estarei em Campo Grande para acertar detalhes do PICNIC do nosso baby, quem sabe a gente se encontre numa rua qualquer... Dia 28 retornarei à CG e quero rever amigos!

Obrigada por estarem tão próximos a mim e a minha família durante esses dois anos de aventuras!

Ricas bênçãos e see you soon!